Vou voltando pra casa
Levando meu carro
Empurrando meu corpo
Engolindo as secas lágrimas
Chorando uns sorrisos quaisquer.
Olho à direita e vejo
Um baba de fim-de-tarde:
Pretos e brancos
Todos tão mulatos
Posando em movimento
Sob a luz do coucher do sol
Par' um fotógrafo, um poeta
Um curioso ou um pateta.
Suam todos seus cansaços
Respondem com o suor da alma
Ao incansável mormaço.
A minha frente
Um caminho fechado por outros carros
Tantos lastros, meia-dúzia de laços
Amores, temores... vários desacatos.
Num lance qualquer de olhar
Um ebó deitado ao relento
O que será? Pra quem será?
Quem haverá despejado
Num velho prato de barro
A matéria do seu desejar?
Vejo na macumba, bunda
Vejo rumba, vejo tumba.
Qual será o desejo a pagar?
Peço licença ao santo
Equilibro entre o freio e o avante
Faço a curva, e vejo um manto
De um cavaleiro absoluto:
O mar. O mar azul, tão verde mar.
Vibra, bate e surra
Com seu salgado pranto
Um paredão de pedras cinzas
Amargas, inóspitas e imortais.
Continuará tentando, o mar
Mesmo quando eu seguir em frente
Avançar pelos poros das insensíveis rochas
Impossíveis rochas. Inacessíveis que são.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
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3 comentários:
o caminho de casa é o melhor que faço todos os dias...é durante ele qeu viajo em meus pensamentos com tudo o que vejo ao redor.
esse texto descreveu muito bem este momento pra mim.
bjus
Cheiro de Rio Vermelho. De engarrafamento. Procede?
E nós, os humanos, tantas vezes rocha. Quase sempre inacessíveis.
Belo texto!
Bom fim de semana, Pedro!
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