Eu tento escrever poemas:
brinco de prever rimas,
e mais - adoro cinema.
Reconheço as pistas falsas.
Soa óbvio quando tudo é farsa.
Só me atrai, o jogo, se for sofisticado.
Quando é óbvio demais, deixo de lado.
Sabe assim? Eu não jogo se me sinto subestimado.
Os argumentos são tão primários: falta-lhes sutileza.
Canalhas sem charme jogam sem beleza, sem destreza.
Vira tudo ironia grosseira.
Desisto, e desprezo:
Olho de longe o adversário,
E deixo que se debata, em blefes de falsário,
Sem nenhum destinatário.
Quando já conheço bem as regras,
Quando percebo as intenções ocultas,
É como se me entregassem o jogo.
E aí, eu tiro meu peão do tabuleiro,
E sequer tento o xeque.
Levanto-me do cinema:
Deixo na tela o filmezinho barato,
se não me instiga o desfecho.
E nem acendo as luzes:
Que se enganem em seus pastelões mediócres,
Que se percam em seus personagens rasos,
Que se divirtam dando textos mal-acabados.
- Enfim.
Que preencham os seus vazios com fatos inventados.
E deixo o jogo, já sem rimas,
Sem me importarem as pistas,
Um pouco irritado com a mediocridade.
- Fim prematuro da partida.
Tomo para mim a sentença de um escritor de verdade:
Ao vencedor, as batatas.