quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Insone demais

Televisores acesos,
Sofás brancos,
Homens gordos
E mulheres, velhas, demais.

Insone, da varanda,
Vejo-me num futuro,
Talvez próximo demais.
É sepultura em vida:
dia-dia de mortos vivos.

Desejos anfíbios,
Nasceram sonhos
E cresceram frustrações.
Não morreram: mataram.
Mataram qualquer esperança,
Mataram toda juventude,
Viraram anos, prisões, solidões.

Tolos consolos:
Notas de dinheiro,
Doses de uísque,
Carreiras efêmeras -
E outras carreiras, longas demais.

Consciência longíqua:
(mais um consolo)
Tudo isso é vão. É universal.

A vida toda, uma cela solitária.
Banhos de sol,
Visitas íntimas com putas sofridas,
E um velho calendário,
Com dias riscados, e chorados,
À espera de uma libertação qualquer.

Pena perpétua,
Sem direito à morte.
Sua pena, seu futuro,
Tudo triste demais.

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