segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sofistique o jogo

Eu tento escrever poemas:
brinco de prever rimas,
e mais - adoro cinema.
Reconheço as pistas falsas.
Soa óbvio quando tudo é farsa.

Só me atrai, o jogo, se for sofisticado.
Quando é óbvio demais, deixo de lado.
Sabe assim? Eu não jogo se me sinto subestimado.

Os argumentos são tão primários: falta-lhes sutileza.
Canalhas sem charme jogam sem beleza, sem destreza.
Vira tudo ironia grosseira.

Desisto, e desprezo:
Olho de longe o adversário,
E deixo que se debata, em blefes de falsário,
Sem nenhum destinatário.

Quando já conheço bem as regras,
Quando percebo as intenções ocultas,
É como se me entregassem o jogo.

E aí, eu tiro meu peão do tabuleiro,
E sequer tento o xeque.
Levanto-me do cinema:
Deixo na tela o filmezinho barato,
se não me instiga o desfecho.

E nem acendo as luzes:
Que se enganem em seus pastelões mediócres,
Que se percam em seus personagens rasos,
Que se divirtam dando textos mal-acabados.
- Enfim.
Que preencham os seus vazios com fatos inventados.

E deixo o jogo, já sem rimas,
Sem me importarem as pistas,
Um pouco irritado com a mediocridade.

- Fim prematuro da partida.
Tomo para mim a sentença de um escritor de verdade:
Ao vencedor, as batatas.

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